Em diversas ocasiões eu tive a oportunidade de reforçar a lógica de que quando vamos considerar o retorno dos investimentos para calcularmos o aumento de nosso poder de compra, precisamos utilizar os juros reais, ou seja, aqueles que remuneram acima do índice de inflação. Se você ainda tem alguma dúvida com relação a isso, clique aqui e leia um texto em que eu explico isso em maiores detalhes.
Diante desta premissa e da constatação de que existem vários índices, você talvez esteja se perguntando: qual índice de inflação devo utilizar? Vamos analisar isso nas próximas linhas…
Qual seria o melhor índice de inflação a ser considerado?
– IPCA e INPC:
Dentre os índices de inflação amplamente divulgados, o IPCA e o INPC costumam ser os mais adequados, pois são índices de preços ao consumidor e suas abrangências são representativas no Brasil.
Para se ter uma melhor ideia, o INPC abrange lares com rendimentos entre 1 a 8 salários-mínimos, enquanto o IPCA compreende domicílios com recebimentos entre 1 e 40 salários-mínimos. Ambos os índices consideram as famílias residentes em áreas urbanas das regiões metropolitanas de: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Vitória e Porto Alegre, Brasília e municípios de Goiânia e Campo Grande.
– IGP-M e IGP-DI:
Por outro lado, os índices da família dos IGPs – IGP-M e IGP-DI, por exemplo – são uma média ponderada de 3 outros índices, o IPA (Índice de Preços no Atacado), o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e o INCC (Índice Nacional de Custo de Construção). E, como 60% de sua composição considera o IPA, os IGPs são muito afetados pelo câmbio. Pois, enquanto o atacado acaba repassando para seus preços as variações no câmbio, já que não tem muita concorrência, os pequenos varejistas não conseguem repassar estes ajustes em sua totalidade.
– IPC (FGV):
E por último o IPC, que compõe os IGPs, é menos abrangente do que o IPCA, já que considera apenas famílias com rendimentos entre 1 e 33 salários-mínimos, cobrindo somente as capitais: Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Meta de Inflação do Governo
O Governo utiliza o IPCA como parâmetro para a sua Meta de Inflação, que muda ao longo dos anos e está em 4,5% nesse ano. Além da Meta, o Governo determina também intervalos de tolerância dentre os quais a inflação pode ficar, como veremos a seguir.
Para 2018, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter o Centro da Meta em 4,5% e o intervalo de tolerância caiu de 2 pontos percentuais para 1,5 ponto percentual acima ou abaixo da meta. Essa margem serve para acomodar eventuais choques, como por exemplo, uma geada que venha a impactar para cima os preços dos alimentos in natura. Isso significa que a inflação poderá ficar entre 3% e 6% e ainda ser considerada dentro da Meta.
Segundo a última pesquisa semanal efetuada pelo Banco Central com analistas de mercado, espera-se que a inflação em 2016 (IPCA) feche o ano com quase 8%, ficando bem acima do Teto da Meta, que atualmente é de 6,5%. Alíás, a última vez em que a inflação oficial ficou próxima da Meta foi em 2009, quando ela encerrou o ano em 4,31%.
No ano passado, a inflação ficou acima do Teto da Meta, alcançando 10,67%. Por conta disso, o Presidente do Banco Central teve que escrever uma carta para o Ministro da Fazenda justificando esse estouro. Ao que tudo indica, isso deve se repetir este ano.
Porém, a noticia boa é que na semana passada o Banco Central, em seu Relatório Trimestral de Inflação, estimou que em 2017, o IPCA feche o ano em 4,7%, ou seja, muito próximo do Centro da Meta.
Agora que você já sabe mais sobre qual é o índice de inflação mais adequado para se planejar quanto aos seus retornos reais no futuro, veja aqui este outro artigo em que explico qual o patrimônio que você deverá possuir para poder se aposentar com tranquilidade: