O que é realmente importante saber na hora de se planejar e investir por conta própria pensando na aposentadoria?
Semana passada tive a oportunidade de responder, juntamente com outros especialistas da área financeira, a algumas perguntas do Danylo Martins para o Jornal Valor Econômico. As questões deram origem a um artigo bastante interessante sobre formação de carteira de investimentos por conta própria (clique aqui para ler o texto) no Suplemento de Previdência desse jornal.
Sendo assim, aproveitei para trazer aqui as perguntas e respostas que o Danylo fez para mim e que servem como um guia bastante objetivo sobre o que as pessoas precisam saber na hora de se planejar e de investir pensando na aposentadoria.
Nas linhas a seguir, apresento e respondo cada uma delas… Vamos lá?
1. Quais os produtos disponíveis para investir por conta própria com foco na aposentadoria?
Pensando na aposentadoria, pode-se investir em produtos de mais longo prazo, como o Tesouro IPCA, com vencimento perto da data da aposentadoria, além de fundos multimercado, fundos de ações, fundos imobiliários. Mas, é claro que sempre considerando o perfil do investidor, como aprofundarei abaixo.
2. Quais são as vantagens e desvantagens de PGBL e VGBL? Por que geralmente são lembrados quando falamos de aposentadoria?
Uma das vantagens dos produtos de previdência é que não têm o come-cotas: aquele adiantamento do imposto de renda pago nos meses de maio e novembro.
Para quem tem renda tributável, o PGBL também é vantajoso pois dá um benefício fiscal para quem declara pelo modelo completo, pois pode receber uma restituição do imposto pago.
Além disso, se a tabela de imposto de renda da previdência for a regressiva, depois de 10 anos de cada aporte, o imposto cai para 10%.
Por fim, é possível fazer a portabilidade de um fundo para outro para fazer um rebalanceamento da carteira, por exemplo, sem precisar resgatar e, portanto, sem ter que pagar o imposto de renda.
A maior desvantagem é que alguns fundos de previdência ainda costumam ter taxas de administração mais altas que os fundos tradicionais e podem ter taxa de carregamento. Mas é possível encontrar boas opções com baixas taxas no mercado.
Acredito que esses fundos de previdência sejam bastante lembrados por conta dos aportes mensais que podem ser contratados. Desta forma, a pessoa vai guardando e investindo de forma regular ao longo da vida para a sua aposentadoria.
3. Vale a pena investir por conta própria, para além dos planos de previdência privada?
Se a pessoa for assalariada e quiser guardar mais do que 12% da sua renda bruta, não vale a pena efetuar o aporte desse excedente em PGBL. Desse modo, pode ser o caso de aportar em um VGBL ou comprar produtos financeiros e investir por conta própria.
Por outro lado, se a pessoa não declara pela modelo completo ou se não tiver uma renda tributável, não faz sentido o PGBL, e dessa forma, poderia escolher um VGBL ou uma carteira própria também.
4. Quais as vantagens de ter uma carteira própria para a aposentadoria? Quais as dificuldades de optar por esse modelo em vez de simplesmente contratar um PGBL ou VGBL?
A maior desvantagem é que no momento de receber a renda de um plano de previdência por parte da seguradora, a pessoa fica restrita ao valor pago mensalmente. Então, se precisar de mais recursos, não poderá pedir um resgate maior naquele mês. Mas, se a carteira for própria, poderá, a princípio, resgatar quanto quiser. Porém, o risco de sobreviver ao dinheiro é do próprio investidor.
Se for o caso de ter uma previdência com benefício de renda vitalícia, o risco de viver muito será da seguradora.
As maiores dificuldades de se ter uma carteira própria são:
1) Gerir os próprios recursos de forma eficiente, e
2) Controlar os resgates para que não sobreviva ao dinheiro.
5. Na sua opinião, quais aplicações financeiras podem fazer parte da carteira para a aposentadoria? Títulos públicos, ações, fundos imobiliários, imóveis etc.?
Todos esses podem ser considerados como opções de investimento para a aposentadoria, mas sempre considerando o perfil do investidor. Portanto, não existe uma carteira única, a melhor… Existe sim, a carteira mais adequada para cada investidor.
6. O que levar em conta ao escolher cada produto financeiro para investir por conta própria?
São 3 pilares essenciais do ponto de vista do investidor:
- o perfil de risco do investidor
- os seus objetivos para os recursos
- o prazo do investimento.
Do ponto de vista dos produtos:
- analisar os impostos que deverão ser pagos
- verificar os custos como taxa de administração, de performance, de carregamento, de custódia etc
- analisar o histórico do gestor no caso de fundos para saber se vem performando bem (lembrando que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura)
- definir a classe dos ativos (se é renda fixa pré-fixada ou pós-fixada; se ações, se é multimercado, imobiliário etc)
- liquidez e
- carências.
7. Quais cuidados o investidor deve tomar ao optar por montar uma carteira própria de investimentos com foco na aposentadoria?
O principal cuidado é: ter uma carteira diversificada de acordo com seu perfil de risco.
Na sequência, deve sempre estar rebalanceando a sua carteira para que esteja com o nível de risco adequado.
Por fim, deve planejar bem os resgates, de tal modo que o dinheiro não acabe antes da hora.
Pronto para investir? Espero ter ajudado! Se precisar de algum auxílio para investir por conta própria, envie um email para leticia@leticiacamargo.com.br e fale diretamente comigo.