Já há quase 4 anos os juros vêm caindo. Eram de 14,25% no final de 2016 e hoje já estão em 2% ao ano. Mas, como ficam os investimentos com esses baixos juros assim?
Sobre esse assunto, conversei com a Mariana Segala e a Mariana Arana no podcast Money Stories da ELLE Brasil dessa semana. Confira a seguir (ou escute pelo Spotify, clicando aqui):
Mas, será que os baixos juros vieram pra ficar?
Provavelmente sim. As taxas de juros não devem voltar para os 2 dígitos no curto prazo. Inclusive, as estimativas são de que continuem em 2% em 2020, que subam um pouco para 3% ao final de 2021 e que atinjam 6% em 2023. Essa é a expectativa do Boletim Focus.
Isso acontece devido ao ajuste fiscal que se iniciou no Brasil nos últimos anos, graças à reforma da previdência e ao limite do teto dos gastos, além de juros muito baixos no mundo todo.
A pandemia também tem contribuído para a queda dos juros, principalmente por causa do isolamento que fechou muitos negócios e também por causa da queda na demanda que está fazendo com que a inflação esteja ainda mais baixa, possibilitando uma queda maior da taxa de juros.
Com esses baixos juros, é hora de fugir da renda fixa?
Não é hora de fugir da renda fixa. É necessário ter uma reserva de emergências que deve ser de 3 a 12 vezes seus gastos mensais. Ela deve ser investida em produtos mais conservadores e com boa liquidez, ou seja, em renda fixa atrelada à Selic ou ao CDI. Tem que ser um investimento que possa ser resgatado em qualquer momento sem uma perda de valor.
Como nós nunca sabemos quando vamos precisar dessa reserva, ela tem que ser investida em um produto com baixo risco. Imagina ter uma reserva de emergências em ações da Petrobras e ter que resgatar no final de março deste ano, quando o mercado caía absurdamente? Teria que realizar um prejuízo enorme! Veja aqui o que aconteceu com a bolsa na pandemia.
A reserva também não pode ser investida em um imóvel, pois se você precisasse do dinheiro de uma hora para a outra, teria que anunciar o imóvel por um preço muito abaixo do valor de mercado e isso nem seria uma garantia de que conseguiria vendê-lo em um ou dois dias!
Mas… É importante atentar para a questão de que nem toda renda fixa é adequada para a reserva de emergências, como é o caso daquelas prefixadas ou atreladas à inflação, já que é possível até perder dinheiro com esses tipos de investimento. Veja aqui nesse outro artigo o que expliquei sobre isso: É possível perder dinheiro em renda fixa com o estresse do mercado?
O que fazer com o dinheiro da poupança?
Para quem tem a poupança antiga, que vale para os depósitos efetuados antes de 5 de maio de 2012, a rentabilidade é de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial). Ela atualmente paga 6,17% ao ano, já que TR está zerada no momento. É uma ótima opção para quem ainda tem esse investimento, já que os juros atuais são de 2% ao ano!
Para os recursos investidos depois dessa data, a remuneração da poupança é dada por 70% da Selic mais a TR, quando a Selic está abaixo de 8,5%. Como já comentei, a TR está zerada, então daria 1,4% ao ano de rentabilidade no total. Um percentual muito baixo, mesmo considerando que é isenta de imposto de renda. Não sendo a melhor opção para os investimentos.
Mas… Também entendo que faz sentido aplicar na poupança para quem está começando. É um investimento fácil, pode ser utilizada como uma conta corrente, já que é possível ter um cartão, pagar contas etc. É uma opção para aquele caso em que os pais estão começando a guardar dinheiro para seus filhos e depositam R$ 20,00, R$ 50,00 por mês.
Porém, depois que já tiver guardado um montante maior, aí vale a pena procurar outros investimentos. Uma opção é o Tesouro Selic. E, inclusive, a B3 (bolsa de valores no Brasil) recentemente zerou o valor da taxa de custódia (0,25% ao ano) desse investimento para os saldos de até R$ 10 mil.
Expliquei um pouco mais sobre investimentos em poupança nesse outro artigo: Ainda tenho dinheiro na poupança, e agora, o que faço?
Como gosto sempre de frisar a renda fixa ainda segue cumprindo seu papel, mesmo em tempos de baixos juros. O que vai balizar o seu peso sobre os investimentos de uma pessoa é o perfil deste investidor e os seus objetivos de curto, médio e longo prazos. Respeitando-se o perfil e as regras de diversificação, teremos sempre um bom equilíbrio para quem está investindo.