Semana passada o Copom subiu novamente a taxa básica da economia em mais 0,75 pontos percentuais. Agora a Selic está em 3,5% ao ano, no segundo aumento consecutivo. Mas, e agora? O que faço com os meus recursos? Já posso voltar a investir toda a minha carteira em renda fixa conservadora?
Renda Fixa e a Taxa de Juros Real
Infelizmente, os rendimentos da renda fixa conservadora ainda estão muito longe da inflação. O IPCA, que é o índice utilizado pelo governo em suas metas de inflação, já acumula 6,76% nos últimos 12 meses até abril.
Como já mencionei aqui muitas vezes, é importante receber juros (percentualmente) maiores do que a inflação para poder ter uma taxa de juros reais positiva, ou seja, uma rentabilidade acima da inflação. Dessa forma, você consegue aumentar seu poder de compra.
Aliás, foi isso que comentei em minha entrevista para o R7: “É preciso perseguir uma rentabilidade que supere ou pelo menos iguale a inflação para preservar seu poder de compra”.
Portanto, investir 100% dos recursos em renda fixa conservadora, que vai render algo próximo à taxa Selic, continua não sendo a melhor opção. O risco aqui é ir perdendo o poder de compra ao longo do tempo.
Renda Fixa: Poupança, CBD, fundos DI e Tesouro Selic
Aí vem uma pergunta inevitável: isso quer dizer que não devo mais investir nesses produtos de renda fixa conservadora, já que estou perdendo da inflação?
Não é bem assim! A questão é que esses produtos também têm o seu propósito. Para a Reserva de Emergência, por exemplo, não tem como fugir de todos eles.
Como esse dinheiro pode ser necessário a qualquer momento, ele deve estar disponível a qualquer momento e não deve estar com rentabilidade negativa no momento do resgate. Então, nesse caso, devemos privilegiar a segurança e a liquidez em detrimento da rentabilidade.
Procure um CDB de grande banco, com liquidez diária, um fundo DI com baixa taxa de administração, o Tesouro Selic ou até a poupança. Mas, o que não pode é alocar os recursos para a reserva de emergências em produtos que tenham muito risco.
O perigo é ter que resgatar de uma hora para a outra e ter menos dinheiro do que gostaria, porque a rentabilidade daquele investimento agressivo estava negativa naquele momento.
E não custa nada lembrar que a poupança, aquela antiga (depósitos anteriores a 04 de maio de 2012) ainda é uma boa opção, já que rende 6,17% ao ano. Ela ganha da inflação, e ainda tem baixo risco e liquidez diária.
Outra informação importante que também não custa ressaltar é que, tanto para a poupança, quanto para o CDB, existe a garantia do Fundo Garantidor de Crédito até o limite de R$ 250 mil. Então, o ideal seria investir num mesmo banco até o limite de R$ 200 mil na soma desses produtos, de forma que a rentabilidade também esteja garantida pelo FGC.
Diversificação
Portanto, mesmo com essa recente alta dos juros, continua valendo aquele ditado: não coloque todos os ovos na mesma cesta! É preciso ter uma carteira diversificada de forma eficiente (clique aqui para ler mais sobre isso). E não se esqueça de que não existe o melhor investimento, existe aquele mais indicado para você.
Portanto, nada de pensar em alocar todos os seus recursos na renda fixa conservadora, pois o risco é você perder para a inflação e perder o seu poder de compra ao longo do tempo.