Entre dívidas e desafios: eu não consigo afirmar se é um reflexo direto da pandemia ou da alta inflação, mas o que é evidente é a crescente demanda de endividados buscando minha assistência (falei sobre isso em um artigo que publiquei recentemente no site da Lu Lacerda).
O Crescimento do Endividamento
Várias faixas de renda parecem ter sido afetadas, pois tenho sido procurada por muitas famílias que estão enfrentando dificuldades em manter suas contas em dia.
Parece-me que essas pessoas foram acumulando empréstimos e agora se encontram em uma encruzilhada onde suas finanças estão tão sobrecarregadas que não conseguem lidar com o montante da dívida.
Muitos, por um bom tempo, optaram por negar sua realidade financeira, agravando a situação.
Mas, como diz o ditado, “para todo problema, há uma solução”. Com o apoio adequado, é possível desvendar o emaranhado de dívidas que só aumenta sem uma reestruturação financeira.
Indicadores de Endividamento de Risco pelo Banco Central
De acordo com o Banco Central, estão numa situação de endividamento de risco aqueles que se encontram em pelo menos 2 desses itens abaixo:
- Estão inadimplentes em parcelas de crédito, isto é, atrasos superiores a 90 dias no cumprimento das obrigações creditícias;
- Possuem um comprometimento da renda mensal acima de 50% devido ao pagamento das dívidas;
- Possuem exposição simultânea às seguintes modalidades de crédito: cheque especial, crédito pessoal sem consignação e crédito rotativo (multimodalidades);
- Tem renda disponível (após o pagamento das dívidas) mensal abaixo da linha de pobreza entre R$ 500 e R$ 600.
O Impacto Financeiro na Vida das Mulheres Brasileiras
Além dos desafios financeiros que muitos enfrentam, é crucial destacar a situação das mulheres brasileiras, que muitas vezes são as principais provedoras de suas famílias e estão se sentindo esgotadas, não apenas devido à sobrecarga de trabalho, mas principalmente pela situação financeira adversa.
Uma pesquisa realizada pela ONG Think Olga revelou que as mulheres listam a situação financeira, remuneração insuficiente e dívidas como as principais causas de insatisfação em suas vidas. Mesmo após o fim da pandemia, muitas continuam mentalmente esgotadas, e os problemas financeiros são um fator predominante. Esta situação é agravada pelo fato de que, em média, as mulheres recebem salários 22% menores do que os homens no mesmo cargo. Esta desigualdade salarial, combinada com a pressão de ser a principal provedora, destaca ainda mais a necessidade de apoio e reestruturação financeira adequados.
Esse foi o tema explorado pela vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2023, Claudia Goldin, que pesquisou sobre o papel da mulher no mercado de trabalho e as diferenças salariais de acordo com o gênero.
Rumo à Reestruturação e Paz Financeira
Certamente, a reestruturação financeira não é simples, assim como adotar uma dieta balanceada não é. Porém, logo que os primeiros sinais positivos surgem, torna-se evidente que os esforços estão rendendo frutos.
A organização das finanças resulta em um controle mais amplo sobre a própria vida, conforme uma cliente uma vez me relatou.
Ao fim, é preciso admitir que a reestruturação pode levar um tempo, considerando que, na maioria das vezes, o problema não surgiu da noite para o dia. E, claro, existem compromissos pré-estabelecidos que não podem ser simplesmente abandonados. Mas, ao longo do tempo, as coisas vão se ajeitando e o endividado se transforma em investidor.
Quando observo clientes reorganizando-se e retomando o controle, costumo questioná-los se eles desejariam retornar ao caos financeiro anterior, tentando entender se o trajeto foi tão árduo a ponto de negarem seu valor. Invariavelmente, a resposta é unânime: a paz financeira é incomparável, mesmo que tenha custado algumas renúncias.
Este feedback é a comprovação de que o caminho adotado para sair do endividamento é o correto.
O desafio é fazer as pessoas ultrapassarem a fase de negação e buscarem orientação especializada para ajustar suas finanças.
Vale a pena relembrar que existem quatro etapas no processo de recuperação financeira:
- Negação;
- Reconhecimento;
- Busca por assistência profissional e, finalmente
- Ação.
Assim, se você conhece alguém enfrentando tais desafios, compartilhe este artigo. É uma forma de mostrar que ninguém está sozinho nessa jornada e que há profissionais qualificados prontos para ajudar.