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A armadilha do parcelamento: por que ele pode comprometer suas finanças?

Armadilha do Parcelamento

Muitas pessoas acreditam que o parcelamento de uma compra pode ser uma forma inteligente de organizar o orçamento, tornando os gastos mais acessíveis mês a mês. De acordo com uma pesquisa do SPC Brasil, 79% dos brasileiros que possuem cartão de crédito fazem compras parceladas, muitas vezes sem avaliar o impacto no orçamento a longo prazo.

A verdade é que essa estratégia pode criar uma falsa sensação de controle financeiro e, sem o planejamento adequado, levar ao acúmulo de dívidas que comprometem a saúde financeira a longo prazo.

Parcelamento: a falsa sensação de controle financeiro

Imagine que uma pessoa sempre opte pelo parcelamento. Quando surge um lançamento de um celular novo, por R$ 3.000, ela pensa: “Em 12x de R$ 300, cabe no bolso!”. Mas ela esquece que já tem outras parcelas no cartão. No final do mês, ao somar tudo, percebe que mais da metade do seu salário está comprometido.

O problema é que raramente as pessoas consideram todas as parcelas juntas antes de assumir uma nova. Por conta disso, cada nova parcela parece pequena individualmente, mas ao longo do tempo, o acúmulo pode comprometer boa parte da renda mensal, principalmente para quem tem vários cartões de crédito.

Outro ponto a se considerar é o efeito psicológico do parcelamento. O racional aqui é o seguinte: pequenas prestações diluídas no tempo dão a ilusão de que estamos gastando pouco. Realmente o valor por mês pode até não ser tão alto. Porém, na verdade, ao somarmos todas as parcelas, o montante pode assustar. E pior, o valor final pago pode ser bem superior ao valor original quando há incidência de juros.

O parcelamento e as compras por impulso

A questão central é que o parcelamento reduz a percepção do custo real da compra, fazendo com que a pessoa, no final das contas, gaste mais do que planejou. Basicamente, as parcelas mensais dão a ilusão de que tudo é mais barato e acessível do que realmente é…

Imagine que você entra no shopping só para “dar uma olhadinha” e vê uma roupa de marca que custa R$ 500. O vendedor diz: “Fica só 3 x de R$ 180!”. Parece acessível, mas o que acontece se esse hábito se repetir todo mês?

O acúmulo dessas pequenas parcelas pode criar um efeito bola de neve, levando ao endividamento extremo e sem controle. Aqui, vale lembrar que, segundo um levantamento do Banco Central do Brasil, cerca de 70% das famílias brasileiras estão endividadas, e uma das principais causas é o parcelamento excessivo de compras no cartão de crédito, que muitas vezes resulta em inadimplência.

E mais: ao oferecer parcelamentos, o marketing também incentiva o consumo impulsivo. Estratégias como “compre agora, pague depois”, “oferta só por hoje” e parcelamentos sem juros são amplamente utilizadas para atrair consumidores e aumentar as vendas. Essas táticas reduzem a percepção do montante total do gasto, dão aquela sensação de urgência e fazem com que as pessoas gastem sem avaliar se realmente poderão arcar com esses compromissos no futuros.

No final, muitas vezes o consumidor se deixa levar pelo valor menor da parcela em relação ao todo e não avalia se aquele gasto é realmente necessário e adequado para o momento.

Como evitar cair na armadilha do parcelamento?

Pergunte-se: Essa compra é realmente necessária? Se a resposta for “não”, evite parcelar.

Pague à vista sempre que possível: Nem todos têm a maturidade necessária para encarar com responsabilidade o parcelamento! E ainda tem mais, muitas, vezes, há um desconto para o pagamento à vista. Mas, é claro que para quem tem disciplina financeira, pode valer a pena parcelar e manter o dinheiro rendendo, mas isso exige muito planejamento e disciplina.

Faça um controle de todas as suas parcelas: Um erro comum é esquecer as prestações já assumidas anteriormente ao contrair novas dívidas. (Lembrando que parcelamento é dívida, sim!). Leia esse texto em que explico a diferença entre dívida e inadimplência!

Evite parcelamentos para compras do dia a dia: Se você precisa dividir em várias parcelas para que o valor caiba no seu bolso, será que realmente deveria fazer essa compra nesse momento?

Calcule o valor total da compra: Quando há juros no parcelamento, o valor total vai custar muito mais do que à vista! E mesmo que não haja juros, ou seja, que eles estejam embutidos, considere o valor total da compra no seu orçamento futuro e não somente o valor da parcela!

Anote seus gastos: Adquira o hábito de anotar suas despesas, incluindo, é claro, as parcelas vindouras, e analise como estão suas finanças e procure encontrar formas de ajustar seu orçamento caso não goste do que esteja por vir nos próximos meses. Aqui no site tenho uma planilha que pode te ajudar com isso!

O parcelamento pode ser um aliado para facilitar o consumo, mas, sem planejamento, pode se tornar uma armadilha. Muitas pessoas só percebem o impacto das parcelas em seus orçamentos quando já estão comprometidas financeiramente. O segredo está em tomar decisões estratégicas, considerar o orçamento como um todo e priorizar um consumo mais consciente.

Antes de parcelar, reflita: essa compra cabe no meu orçamento ou é apenas uma decisão impulsiva? Muitas vezes, a melhor escolha é: esperar, planejar-se e pagar à vista! Acredite, isso pode evitar muitas dores de cabeça no futuro.

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