Sempre tive um perfil mais conservador, mas com a queda das taxas de juros, estou propenso a ser um pouco mais agressivo e investir no mercado de ações. Tenho dúvidas se este é o melhor momento e sobre qual a melhor forma para diversificar essa parcela do meu portfólio.
Com este atual patamar de juros reais, seria apropriado que as pessoas revissem seu Planejamento Financeiro, mas o que percebo é que a grande maioria ainda não se atentou para esta nova realidade. Acabou-se o tempo em que bastava aplicar em produtos conservadores e a rentabilidade das altas taxas garantiria o aumento do seu patrimônio com quase nenhum risco. Tudo indica que a partir de agora, os tempos serão de baixos juros e isto terá uma grande influência para o futuro financeiro de cada um.
Se você pretende investir com um horizonte de longo prazo e já possui uma reserva de emergência de seis vezes seus gastos mensais em produtos conservadores, sugiro que aplique o restante de suas economias em ativos um pouco mais arriscados. Desta forma, poderá diversificar a sua carteira e terá a possibilidade de conseguir melhores rentabilidades.
Se preferir manter sua postura de aversão ao risco, aplicando todos os seus recursos em poupança ou Fundo DI e para conseguir manter o mesmo nível de aposentadoria esperado antes desta queda nas taxas, as opções serão: passar a poupar mais, adiar a data da aposentadoria ou se programar para um padrão de vida mais simples no futuro.
Com a continuidade da queda dos juros, um grande risco para os investidores muito conservadores será o de que a rentabilidade de suas aplicações não consiga nem superar a inflação. Isto já ocorre em boa parte dos países desenvolvidos e, por isso, nestas regiões os investidores costumam aplicar uma parcela considerável de suas economias em renda variável, para garantir a manutenção de seu poder de compra e de seu patrimônio.
Ao adquirir uma ação na bolsa estamos comprando um pedaço de uma empresa e teremos bons ganhos se a empresa auferir bons lucros. Já que investir em uma empresa tem mais risco do que aplicar em renda fixa, parece razoável esperar que o retorno no longo prazo seja maior, caso contrário, ninguém iria se aventurar a abrir um negócio.
É muito difícil prever qual o melhor momento para entrar na Bolsa, portanto, a melhor estratégia é começar aos poucos. Efetuando aplicações regulares será possível compor um preço médio e minimizar as chances de entrar num período de alta das cotações.
Para poder escolher em quais ações investir é necessária muita disciplina e dedicação. É preciso estudar cada uma das empresas e seus setores. Portanto, se você não tiver todo esse interesse ou todo esse tempo disponível, sugiro procurar um bom gestor e investir em fundos de investimento em ações.
Além da renda variável, também é possível diversificar seu portfólio investindo em produtos atrelados a índices de inflação, como as NTN-Bs e em produtos imobiliários, como as LCIs e os Fundos Imobiliários.
Lembre-se que a diversificação dos ativos ajuda a minimizar os riscos de uma carteira de investimentos. É aquele velho ditado: “Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”.
Em qualquer dos casos, refaça o seu questionário de perfil de investidor e verifique se assumir um pouco mais de risco seria a melhor opção para você.
Publicado no Valor Econômico em 27/08/2012: