Uma dúvida constante para quem está num momento de transição de carreira é como investir e cuidar dos seus recursos financeiros. A questão é que a entrada de novas receitas estará escassa por algum tempo, mas as contas continuarão chegando.
Sobre este assunto, respondi na coluna Consultório Financeiro, do Jornal Valor Econômico (se preferir, clique aqui para baixar a versão em PDF) à seguinte pergunta de um leitor:
“Estou em transição de carreira e minha renda atual vem de meus investimentos. Enquanto não me recoloco no mercado de trabalho, como devo investir para preservar este capital?”
E como se trata de uma dúvida comum e de interesse de muitas pessoas, resolvi explorar um pouco mais o tema aqui no nosso site também. Vamos lá…
Planejamento e disciplina
Como revelei no artigo citado, planejamento e disciplina são elementos essenciais em momentos como esse. Guiando-se com esses pilares, você estará mais seguro e consciente do que pode ou não fazer, evitando cair em armadilhas. O planejamento financeiro lhe ajudará a definir o caminho a ser seguido, enquanto a disciplina garantirá a execução do que fora planejado.
Sobre o pilar da disciplina, recomendo que você leia um artigo que publiquei há alguns meses aqui no site, intitulado “Como melhorar o uso dos seus recursos?” (clique para acessar), pois nele eu elenco algumas ideias simples que podem lhe ajudar nesse processo.
A respeito do planejamento financeiro, a minha recomendação é que você aprofunde o seu conhecimento lendo o mais completo artigo que temos aqui no site sobre o tema (clique aqui para ler).
Controle financeiro
Por outro lado, recomendo que você mantenha uma planilha de fluxo de caixa atualizada com todos os registros de entradas e saídas de sua vida financeira. Essa planilha pode lhe ajudar tanto no planejamento, quanto a elevar o seu grau de disciplina. Se você ainda não tem uma pra chamar de sua, faça o download da nossa planilha gratuita aqui no site, clicando aqui.
Após realizar esses lançamentos, coloque metas para os gastos supérfluos e elimine os desperdícios. Apenas para citar alguns:
- Restaurantes ou delivery;
- Presentes;
- Taxis e afins;
- Roupas e assessórios;
- Serviços que você quase nunca utiliza.
Em seguida, considerando os serviços essenciais, faça contato com os prestadores e procure renegociar menores valores. Isso vale para a internet, telefone, tv a cabo e até para o aluguel. Lembre-se: o “não” você já tem. O que você conseguir economizar aqui, como será recorrente, vai fazer uma boa diferença se você pensar em termos de valores anualizados.
Análise financeira de prazos
Pronto! Após todo esse processo, é chegada a hora de fazer alguns cálculos…
Sugiro que você calcule quantos meses consegue viver com a sua reserva, considerando os gastos que terá a cada mês, após os cortes e renegociações. Para fazer esta conta, basta dividir o valor da sua reserva pela soma das despesas mensais.
Compare a quantidade obtida com o tempo médio de recolocação de um profissional na sua área e veja se está confortável ou não. Se o prazo estiver apertado ou insuficiente, talvez seja o caso de voltar para a planilha de fluxo de caixa e procurar cortar mais alguns gastos até que o prazo de duração da reserva fique mais folgado em relação ao da sua recolocação profissional.
Como investir dinheiro em um momento de transição de carreira?
Finalmente, é chegada a hora de decidir onde investir os recursos da sua reserva financeira. Veja bem… Para o montante necessário para sua subsistência nesse período de transição, você deverá aplicar em um investimento seguro e com alta liquidez. Você não deve correr o risco de ter rentabilidades negativas ao longo dos meses por conta do risco do investimento, do mesmo modo que não deve investir em produtos financeiros que possam vir a ter o resgate impossibilitado por conta de carências ou da dificuldade de encontrar compradores.
Por conta desses fatores, sugiro que os recursos sejam aplicados em fundos de investimento DI, CDB DI de bancos com boa qualidade de crédito ou Tesouro SELIC. De preferência, que tenham baixas taxas de administração/custódia e/ou que paguem um alto percentual do CDI.
Como eu revelei no artigo do Valor, “busque evitar ao máximo os produtos com maior risco de crédito, de instituições que podem deixar de honrar seus compromissos de uma hora para a outra. Pois, mesmo que o produto seja garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), o que ninguém quer nesse momento é ter preocupações com a falta de dinheiro devido à quebra da instituição para a qual o dinheiro foi emprestado.”
E dei também esse alerta: ”…é importante estar atento(a) à inflação. Investindo em produtos conservadores, existe o risco da perda do poder de compra se a rentabilidade dos investimentos não conseguir nem acompanhar o aumento do seu custo de vida. Sendo assim, é importante procurar conseguir uma rentabilidade acima da inflação para o seu patrimônio, ou seja, com juros reais positivos, para manter o poder de compra e ainda obter um ganho real.”
Após todo esse exercício, você terá o mapa a ser seguido em mãos. Siga o planejado com disciplina e comprometimento. A recompensa será poder atravessar essa fase de transição de carreira sem sobressaltos e com mais tranquilidade financeira. Sucesso e bons investimentos!