Existe algo muito interessante no comportamento humano que vem sendo estudado por muitos cientistas: a desproporcionalidade com que lidamos com perdas e ganhos financeiros de mesmo valor. Deixe-me explicar isso melhor…
Você já ficou decepcionado ao perder dinheiro de alguma forma? Já se sentiu frustrado em situações assim? Pois é… Agora pense na empolgação de ter ganho a mesma quantia. Em seguida, pergunte-se: a perda foi totalmente recompensada pelo ganho equivalente?
Eu não tenho a menor ideia do que você respondeu, mas posso dizer que há diversos estudos comportamentais indicando que sentimos a perda de modo amplificado. Sim, é verdade! Ao que tudo indica, um ganho de mesmo valor não é o suficiente para anular o sentimento de frustração gerado pela perda.
O que acha disso? Interessante, não? O comportamento humano segue nos surpreendendo sempre. Mas deixe-me contar mais sobre isso…
As ciências comportamentais contribuíram para a criação de uma teoria: a Teoria do Prospecto, ou Teoria da Perspectiva. Segundo ela, ganhos e perdas de igual valor não são sentidos de forma equivalente.
Assim sendo, usando um exemplo que citei em um artigo que publiquei recentemente na Revista em Condomínios (clique aqui para acessar), nós temos a tendência de encarar a dor de perder R$ 100 com uma intensidade maior do que a alegria de ganhar esse mesmo valor.
Ao contrário do que a matemática sugere, não adiantaria ter um ganho de R$ 100 para anular totalmente o sentimento de frustração. É preciso mais…
A esta altura, imagino que você esteja se perguntando: Mas Leticia, de quanto teria que ser o ganho para finalmente ver o sentimento de perda se esvair?
Também há estudos sobre isso! Segundo eles, para que a alegria do ganho anule a tristeza da perda financeira, é necessário um ganho 2,25 vezes maior do que a perda.
Voltando ao nosso exemplo… Podemos concluir que seria necessário ganhar o equivalente a R$ 225 para acalmar os ânimos e ficar no zero a zero do ponto de vista psicológico.
O comportamento humano é ou não é fascinante? Não existe muita racionalidade nisso, mas é como a grande maioria das pessoas se sente.
Levando para o mundo dos investimentos, a relação entre ganhos e perdas pode ser percebida de várias maneiras. Veja só…
Algumas pessoas assumem que o seu ponto de referência para perdas e ganhos é o valor de entrada do investimento, mas isso não funciona assim com todo mundo… Há um segundo grupo de pessoas que adota como ponto de referência o máximo valor já atingido pelo mesmo investimento.
Entendeu? Consegue compreender as consequências diferentes de cada forma de interpretação?
Pois é… É como eu revelei no artigo citado: para os indivíduos que encaram as coisas da segunda maneira, o simples fato de seu fundo de ações, por exemplo, estar hoje com um valor mais baixo do que na última vez em que foi verificado pode gerar uma sensação terrível de perda. Mesmo que o investimento esteja com rentabilidade positiva e até com bons ganhos, de acordo com o mercado….
Isso acontece porque o ponto de referência dessas pessoas é o maior valor observado na última consulta ao extrato, ou o maior valor observado há algum tempo. E aí vem o sentimento de perda. Talvez por isso seja tão difícil manter-se pois muitos anos investido em renda variável.
Definitivamente, o comportamento humano não é uma ciência exata! E então, o que você acha disso tudo? Como você reage a perdas e ganhos? Você concorda com a Teoria dos Prospectos?