Hoje o tema de debate do Jornal das 10 hs na Globo News foi: “Comprar ou alugar um imóvel?” e eu participei dando algumas dicas e respondendo às questões dos assinantes.
Comprar ou alugar um imóvel envolve muito mais questões do que só o aspecto financeiro.
1) Primeiro precisamos saber se o imóvel atenderá às necessidades da família por um período relativamente longo de tempo, de 7 a 10 anos. A família precisará se mudar no curto prazo, aumentará, com a vinda de novos filhos, ou diminuirá, com o casamento dos mesmos? Nestes casos, poderá ser difícil efetuar uma venda e muitas vezes será necessário aceitar um desconto no valor do bem para conseguir vender mais rapidamente. Neste caso, a melhor opção é alugar um imóvel.
2) No caso de uma mudança para outra cidade ou bairro distante, alugar primeiro pode ser uma solução mais prática e menos custosa para a família até que ela possa verificar se está adaptada ao novo ambiente, considerando o trânsito, distância do trabalho e da escola, comércio local etc. Quando todos estiverem bem adaptados podem pensar em comprar um imóvel, já que esta é uma decisão mais definitiva.
3) No caso do aluguel também há uma economia nos custos de manutenção do imóvel, já que estes custos recaem sobre o proprietário do imóvel e não sobre o inquilino.
4) Por outro lado, tem a questão da segurança de ter sua casa própria, a facilidade para decidir sobre reformas e a tranquilidade de saber que não precisará deixar o imóvel a qualquer momento porque o proprietário resolveu dar o apartamento para a filha mais velha que acabou de casar. Neste caso, a compra seria uma melhor opção.
5) Porém, se na compra for utilizada toda a poupança da família, o que ocorrerá numa emergência? Se endividarão? O melhor é separar uma parte do dinheiro para a reserva de emergências num montante de 6 vezes seus gastos mensais e utilizar somente o restante para a compra ou entrada do apartamento.
6) E se o imóvel for financiado, será necessário dar um valor de entrada e ainda guardar a reserva de emergência, então, muitas vezes esta decisão de compra precisará ser adiada, para que tenham tempo de poupar este dinheiro. Além disso, as prestações não devem ultrapassar 30% da renda familiar.
Os juros atualmente estão menores, os prazos de financiamento maiores e houve uma expansão do crédito, então esta opção de compra do imóvel próprio financiado está muito mais tangível hoje do que há alguns anos.
7) Para algumas famílias que não conseguem ter a disciplina de poupar regularmente, comprar um imóvel financiado pode ser uma boa maneira de formar um patrimônio, pois com o compromisso de ir pagando as parcelas do financiamento mensalmente, vão fazendo uma economia forçada e, ao final do empréstimo, terão o bem.
8) Porém, é preciso considerar também a valorização do imóvel, que foi muito grande nos últimos anos, fazendo com que os valores dos mesmos estejam muito altos, e este aumento de preços não deve se repetir pelos próximos anos.
Por outro lado o valor dos aluguéis vem diminuindo em relação aos preços das moradias. Enquanto um imóvel no Rio de Janeiro teve uma variação de 188% no período de jan/2008 até out/2012 e de 157% em São Paulo, os aluguéis subiram apenas 110% e 80% respectivamente. Tudo isso contra um CDI de 60% no mesmo período.
9) Outra questão é a da concentração do patrimônio. Estarão com o patrimônio todo concentrado em um único bem? É importante a diversificação dos ativos para a diluição dos riscos.
10) De qualquer forma, ainda será preciso guardar algum dinheiro para os custos de mudança, pequenos reparos e compra de móveis. O que, normalmente, fica mais fácil quando a opção é de aluguel da moradia.
11) Se for considerada a compra de um imóvel como investimento e não para morar, é preciso estimar a valorização do imóvel e os aluguéis que serão recebidos para analisar se será uma boa opção.
Veja aqui o vídeo com a reportagem na íntegra: