Em muitos lares, pouco se fala sobre educação financeira familiar. Conversar sobre dinheiro ainda é um grande tabu. Muita gente simplesmente não faz ideia de como tratar sobre suas finanças com os filhos e até com os companheiros ou cônjuges.
O motivo para tamanha dificuldade pode variar de casa para casa… Enquanto alguns não se sentem confortáveis em tocar no assunto, outros preferem simplesmente evitar brigas e discussões.
O fato é que conversar sobre dinheiro segue sendo um tabu. Famílias inteiras conversam sobre tudo que se possa imaginar, mas quando o tema é dinheiro… Aí fica todo mundo sem jeito e desconfortável.
Apenas para se ter uma ideia, existem casais que nem sabem quanto seu cônjuge ganha, quanto gasta e se tem dívidas ou investimentos. Definitivamente, não recomendo isso para ninguém, pois um relacionamento pressupõe confiança recíproca e sinergia de esforço para se alcançar objetivos comuns.
Pense comigo: como um casal vai planejar a compra da casa própria se eles não falam de dinheiro? Como vai planejar o nascimento dos filhos? Como vai tratar o futuro e a aposentadoria? Como vai seguir caminhando lado a lado se um quer economizar e o outro segue gastando tudo o que tem e o que não tem?
É difícil de imaginar… Mas é o que acontece em muitas residências.
Como eu revelei em um artigo publicado recentemente na Revista em Condomínios (clique aqui para acessar), “escutei uma vez num casamento que jugo é aquela peça de madeira que fica na nuca dos animais quando estão puxando um carro de boi e serve para que andem juntos, na mesma velocidade e direção. Analogamente, assim também deveriam ser os cônjuges (com jugo): deveriam seguir na mesma velocidade e direção em relação às suas finanças”.
Sem convergência entre os membros da família, fica difícil caminhar em grupo.
Mas o que fazer? Que medidas a família pode tomar para mudar essa realidade? Como desconstruir o tabu de se falar sobre dinheiro dentro de casa?
Educação financeira familiar: o que fazer?
Como eu revelei no artigo citado, “uma família deveria sentar-se com alguma periodicidade para rever as contas, traçar objetivos e metas, e fazer um orçamento financeiro. Desta forma, estariam entendendo as dificuldades e ambições de cada um e poderiam caminhar mais facilmente para um objetivo comum”.
Por conta disso, recomendo que coloquem em prática algumas ações de modo consistente:
- Definam uma data mensal em que todos se reunirão para falar do tema. Pode ser no começo do mês, aproveitando a data para falar dos resultados e avanços do mês anterior. É sempre bom conversar sobre o que pode melhorar!
- Criem um fluxo de caixa coletivo, considerando os ganhos e despesas individuais e coletivos. Deixem que todos vejam os progressos e retrocessos mês a mês.
- Planejem o futuro com sua família. Conversem sobre objetivos comuns a todos e procurem pensar no que pode ser feito para conquistá-los. Além de ser uma ação muito prazerosa, pois estamos falando de sonhos, ainda pode fortalecer o espírito de união familiar.
- Analisem a relação custo-benefício dos objetivos traçados e definam o modo como cada um poderá contribuir, seja gastando menos ou procurando maneiras novas de ganhar mais.
Essas pequenas iniciativas irão desconstruir o mito do dinheiro no seio familiar e, aos poucos, as pessoas ficarão mais a vontade para falar sobre este tema e sobre as suas expectativas individuais e coletivas.
Com o tempo, mesmo quando pequenos objetivos forem conquistados pela família, fruto do esforço de todos, haverá cada vez mais motivação para seguir em frente em busca de sonhos cada vez mais significativos, como a casa própria ou viagens para o exterior.
Vale a pena abrir um diálogo franco sobre educação financeira familiar dentro de casa! Pode ser um pouco difícil no início, mas persistir na missão pode ser garantia de um futuro promissor, de realizações, ou simplesmente da manutenção tranquilidade financeira da família no longo prazo.