Nesses momentos de crise, muita gente acaba se assustando com a volatilidade do mercado e quer resgatar seus investimentos, mas se depara com as regras de resgates dos fundos que nem sabia que existiam….
Pois é, não sei se você sabe, mas existem diferentes regras de resgate dos fundos disponíveis no mercado.
Sendo assim, estudar essas diferenças é fundamental para entender a liquidez da sua carteira, ou seja, em quantos dias você consegue converter seus investimentos em dinheiro para não passar apertos.
Prazo de cotização e prazo de pagamento
Como citei acima, nos momentos de estresse do mercado, muitos investidores que não estavam com uma carteira adequada, querem resgatar rapidamente seus investimentos a fim de sair do risco da bolsa, por exemplo. Porém, muitos dos fundos de investimento têm prazos longos para o resgate. Às vezes, 30 dias, mas podem ser 60 ou 90 dias também, dentre outros.
Em minha entrevista ao Portal Infomoney expliquei que, “muita gente que começou a colocar mais risco na carteira com a queda dos juros está vivenciando pela primeira vez uma crise, e está percebendo que aguenta menos risco do que achava”. Por isso a importância de entender as regras.
Uma delas é a de cotização e outra é a de liquidação do resgate. Mas o que significa cada uma delas? A primeira trata do prazo em que há a conversão das cotas em dinheiro, o prazo de cotização é aquele que em vai ser definido qual é o valor resgatado. E a segunda se refere ao tempo em que o pagamento entra na sua conta de fato depois da cotização. Além disso, em alguns casos o prazo está definido em dias úteis e em outros em corridos.
Exemplificando, para deixar mais claro: se for um resgate total e se o prazo é de d+30 corridos, então a cota que vai ser utilizada para saber quanto será o valor resgatado será a daquele 30º dia após a solicitação. E, digamos que a liquidação é em d+2 desse fundo, agora úteis, então, o prazo para em que vai ser efetuado o pagamento será de 2 dias úteis após a cotização.
Como citei na entrevista: “às vezes, a pessoa investe em um fundo e não vê que o resgate é em D+30, ou seja, que vai levar 30 dias para cotizar e mais dois para pagar, por exemplo”.
Então, o que ocorre é que a pessoa solicita o resgate agora, mas o dinheiro fica rendendo no fundo até a data da cotização. Porém, ela não sabe como estará o mercado daqui a 30 dias, não tem como saber se estará pior ou se já vai ter melhorado, para o bem ou para o mal…
Prazo maior para resgate pode ser bom
As regras para resgates dos fundos são definidas no regulamento, baseadas na política de investimentos do gestor. Se tiver ações de empresas que negociem um pequeno volume diário, os prazos deverão ser mais longos, e assim o gestor terá mais tempo para vender a posição para poder pagar o cotista que solicitou o resgate. Caso contrário, acabaria tendo que vender tudo de uma vez só, por um preço muito baixo, para conseguir o dinheiro todo do resgate num único dia.
O prazo maior para o resgate, dessa forma, acaba protegendo o investidor que vai resgatar e os demais investidores do fundo, além de evitar um maior volume de vendas num só dia no mercado como um todo.
Isso acaba fazendo com que se evite o efeito manada, aquele em que todos os investidores resolvem resgatar juntos. Dessa forma, a pessoa vai acabar pensando duas vezes antes de resgatar, pois em alguns dias o mercado já pode ter melhorado.
Faz sentido, então, que o fundo que não tenha apenas as ações mais líquidas do mercado como Petrobras, Vale e Itaú, por exemplo, e tenha um prazo maior para resgate. Isso é bom para o investidor que solicitou o resgate, que passa a não ter o risco de o gestor precisar vender uma posição grande de uma empresa em um determinado dia para poder pagar o seu pedido. E, dependendo do caso, isso seria ruim para os demais cotistas também, pois poderia acabar baixando o preço das ações vendidas e das remanescentes no fundo, fazendo com que a rentabilidade caísse naquele dia.
Resgate antecipado
Porém, como essa regra de prazos muito longos para resgate pode ser complicada, já que o investidor pode realmente necessitar desse dinheiro com mais urgência, a maioria dos fundos dá a possibilidade de resgate antecipado. Nesse caso, há uma multa, que normalmente é de 10% do total resgatado. Essa multa é conhecida como taxa de saída ou taxa de resgate antecipado.
Dessa forma, o cotista pode receber seu dinheiro rapidamente pagando a multa. Essa multa fica para o fundo e, caso o gestor tenha que vender alguma posição com prejuízo que porventura venha a prejudicar os demais cotistas, ela serve como forma de ressarci-los. Lembrando que esse valor fica para o fundo, mesmo que o gestor não tenha precisado vender as ações por um valor muito baixo.
Prazo para resgate de um investimento para a reserva de emergências
Por fim, fique atento que, para a sua reserva de emergências, o prazo de resgate do seu fundo deverá ser em d+0, tanto para a cotização quanto para a liquidação. Ou seja, o fundo deve transformar suas cotas em dinheiro e pagar no mesmo dia, para que você consiga tranquilamente honrar seus compromissos.
Não adianta ter um fundo que renda um pouco mais, mas que pague em d+5, ou pior, em d+30, pois você não terá o seu dinheiro disponível quando precisar!
E então, assunto dominado? Agora você conhece os conceitos básicos sobre as regras de resgate dos fundos e pode se planejar melhor com base neste aprendizado. Bons estudos e bons investimentos.