Já ouviu aquele ditado que diz que colhemos o que plantamos? Pois é… Engraçado, mas parece que as pessoas se esquecem disso quando se trata de suas finanças. Elas esquecem que têm de guardar agora o que vão consumir no futuro quando se aposentarem.
Lembra daquela história de cigarra e da formiga? Ou será que estas pessoas estão contando com a Previdência Social, aquela aposentadoria que irão receber do Governo?
É preciso recordar que o seu “eu futuro” depende do seu “eu atual” para que você tenha tranquilidade na aposentadoria. O seu “eu futuro” viverá das economias que o seu “eu atual” fizer agora, no presente!
De acordo com Eduardo Giannetti, em seu livro, O Valor do Amanhã: “A escolha intertemporal é uma troca voluntária que uma pessoa faz consigo mesma: antecipar custa, retardar rende. Os dois movimentos envolvem perdas e ganhos em tempos distintos. Ao adiantar no tempo o desfrute de algum valor, o indivíduo se compromete a pagar por isso mais tarde; ao postergar no tempo o desfrute de algum valor, ele espera colher algum benefício adicional no futuro.” E mais à frente ele termina: “…trata-se de saber se o custo de antecipar justifica o benefício ou, alternativamente, se o benefício esperado de postergar justifica o custo.”
Mais à frente, no mesmo livro, o autor revela conclusão semelhante a que eu adiantei: “Se as escolhas do presente determinam em larga medida o nosso futuro, o futuro sonhado determina, ao menos em parte, as escolhas que fazemos no presente.”
Diante dessa reflexão, uma pergunta simples: o que você tem feito pelo seu “eu futuro”?
Desconto hiperbólico
Mas… Será porque é tão difícil deixar de gastar agora para poupar para o futuro? Todos nós sabemos da importância de uma reserva para complementar a nossa aposentadoria no futuro. No entanto, porque agimos de forma distinta do que consideramos desejável?
Temos uma preferência por receber algo agora em detrimento de algo maior no futuro. Descontamos o futuro de forma hiperbólica, de forma a darmos mais valor ao presente, subestimando o futuro.
Mais uma vez, como Giannetti descreve em seu livro, um objeto distante, parece-nos menor do que de fato é, e “a distância no tempo produz um efeito semelhante.” Preferimos o agora ao depois.
E quanto mais a tentação se avizinha, mais difícil é pensar no depois. Quando eu for ao restaurante, pretendo escolher uma musse de chocolate de sobremesa ou uma fruta? Eu acredito que vou escolher a fruta, afinal, quero entrar numa dieta. Mas… Depois do almoço, quando vou pedir a sobremesa, no calor do momento, acabo caindo em tentação e escolhendo a musse. A dieta fica pra depois, para segunda-feira, para o mês que vem….
Outro exemplo: Quando perguntados se preferiríamos R$ 100,00 daqui a um ano ou R$ 120,00 daqui a um ano e um mês, certamente escolheríamos o segundo, pois é muito fácil fazer boas escolhas no futuro, ter auto-controle depois. Porém, quando temos que escolher entre R$ 100,00 hoje ou R$ 120,00 em um mês, por mais vantajoso financeiramente que seja esperar um mês, acabamos escolhendo receber tudo hoje.
Preferimos a satisfação imediata, mas ao decidirmos desta forma, estamos nos esquecendo do nosso “eu futuro”. Estamos ignorando o que queremos ser e aonde queremos chegar. Estamos deixando objetivos e sonhos para trás…
Com a consciência de que tendemos a descontar o futuro e com isso em mente na hora de tomarmos uma decisão, ficará mais fácil fazermos escolhas inteligentes.