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Inclusão financeira

Inclusão Financeira

Há poucos dias, participei de uma entrevista para a Foregon, dentro da Semana de Inclusão Financeira que eles promoveram. O evento reuniu mulheres em uma série especial para falar sobre os avanços e desafios da inclusão financeira no país.

É possível que concordemos que os últimos anos trouxeram avanços significativos, na maneira de se relacionar com serviços e produtos financeiros. Contudo, quanto mais avançamos, mais entendemos que existe muito o que fazer em relação à inclusão financeira no Brasil.

Com esse cenário, a Foregon reuniu mulheres e instituições engajadas com a causa com o objetivo de ampliar o alcance das ações e entender um pouco mais sobre todo esse movimento.

Na ocasião, falamos sobre alguns conceitos importantes de inclusão financeira que muita gente não conhece e que podem fazer grande diferença em suas vidas.

Assista a seguir o vídeo da entrevista ou, se preferir, leia abaixo um breve resumo com os pontos principais abordados:

 

Entrevista Semana de Inclusão Financeira da Foregon

 

Quais são as principais dores dos clientes de planejamento financeiro?

Quando se fala em planejamento financeiro, como ilustração, posso destacar dois grupos e suas demandas…

Primeiro, temos os endividados. Principalmente, quando já estão inadimplentes e já preocupados, pois já não estão dando conta de suas responsabilidades financeiras. Eles me procuram para que eu possa ajudá-los a organizar as contas e a sair do endividamento.

Em segundo lugar, temos aqueles que já estudam um pouco sobre finanças e querem saber mais detalhes sobre alguns tópicos mais específicos, por exemplo:

Eu ajudo a organizar as informações para que a pessoa possa entender as suas finanças. Algumas vezes, a pessoa assiste vários vídeos, estuda, mas é necessário organizar todo esse conhecimento numa linha do tempo. Eu ajudo nisso!

Procuro passar o conhecimento para que a pessoa possa andar com as próprias pernas e não fique dependente de mim.

E é interessante que, em geral, as pessoas me procuram em momentos de transição, ou seja, quando casam, separam, têm um filho, mudam de emprego etc.

 

As pessoas agora falam mais sobre finanças?

Ainda não. A verdade é que as pessoas não costumam falar muito sobre as finanças em casa, sobre dinheiro e sobre investimentos. Em alguns casos, por exemplo, o marido não conta para a esposa que está endividado, ou vice-versa.

Esse fenômeno é conhecido pelo sugestivo nome de “infidelidade financeira”.

 

Por que a gente não fala sobre dinheiro?

No Brasil, passamos muitos anos com uma inflação muito alta. Por conta disso, muita gente não guardava dinheiro. Essas pessoas tinham que gastar o seu dinheiro o mais rápido possível para não perder poder de compra.

Era muito difícil para o brasileiro se planejar. Você não sabia o preço de um imóvel para comprar. Os preços nos supermercados mudavam várias vezes, num mesmo dia.

Após o Plano Real, isso melhorou bastante. Até então, era muito difícil se planejar, então as pessoas não tinham o costume de se organizar e de falar sobre seus planos.

Outra questão é que o brasileiro não tem educação financeira. Eis aí outro motivo que nos ajuda a entender por que é mais difícil falar sobre finanças em casa. Ninguém nasceu sabendo e, se não aprendeu na escola, em casa, na faculdade, como falar sobre algo desconhecido?

Recentemente, a Educação Financeira entrou na Base Nacional Comum Curricular. Entretanto, essa inclusão se deu de forma transversal, ou seja, os professores de matemática, português, geografia e de outras matérias em geral, devem explicar sobre a educação financeira nas suas aulas.

A questão é que nem sempre esses professores são educados financeiramente. E, se o professor não sabe sobre o assunto e vive endividado, como ele vai passar esses conceitos de educação financeira para os seus alunos? Esse fenômeno de inclusão financeira, portanto, ainda terá um longo caminho pela frente.

 

Como fazer para fechar a conta no final do mês?

A premissa número um é: a pessoa tem que se organizar.

O décimo terceiro salário ou o bônus, por exemplo, podem ajudar nessa caminhada. Mas não resolvem o problema se não houver organização.

Vale lembrar também que o cartão de crédito costuma vir alto em janeiro, por conta das compras de Natal. Só que, em janeiro, também temos outras contas tradicionais, como o IPVA, o IPTU, o material escolar para pagar, as matrículas etc.

É importante descobrir para onde o dinheiro está indo. Depois de alguma organização, as pessoas se surpreendem com o quanto elas gastam em besteiras: presentes, lanches, comida por aplicativo, transporte por aplicativo etc.

A ideia central é que a pessoa sempre deve direcionar os seus recursos para aquilo que é importante para ela.

 

Iniciativas na área privada sobre educação financeira são importantes?

Sim, inclusive algumas empresas já estão se preocupando com isso e contratando educadores financeiros para palestras e atendimentos individuais aos seus funcionários.

Muitas vezes, se a pessoa não tem saúde financeira, pode acabar tendo problemas na saúde física e mental também. Isso tudo precisa ser levado muito a sério, porque pode ajudar muita gente.

Assista a íntegra da entrevista, clicando aqui!

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