Eis aí uma pergunta cada vez mais comum que me fazem nos últimos meses: afinal, com taxas de juros tão baixas, ainda compensa investir em renda fixa?
A resposta é sim! Porém, é preciso analisar três aspectos fundamentais…
Investir em renda fixa ou variável: três aspectos a considerar na hora de decidir
Basicamente, antes de investir, todo investidor deveria ter claro em sua mente, de um lado, a sua tolerância ou aversão ao risco e, de outro, os objetivos predefinidos para o dinheiro a ser aplicado bem como o horizonte de tempo desses objetivos.
Explicando melhor, teríamos…
Tolerância ao risco – isso nos remete ao aforismo do grego antigo que diz: “conhece-te a ti mesmo”. Sim, isso mesmo! A palavra aqui é autoconhecimento. Se você sabe que não tolera perder dinheiro, que só de pensar nisso você já se sente aflito, ansioso e até desesperado, balanceie a sua carteira de investimentos de modo que ela esteja em sintonia fina com o seu perfil.
Não tem o menor sentido ir contra sua própria natureza. Isso normalmente termina mal, com o investidor realizando perdas em momentos de crise por conta da sua impaciência ou aversão ao risco.
Objetivos – de outro lado, é preciso levar em consideração os objetivos que o investidor tem em mente para o dinheiro que está sendo aportado. Dependendo do objetivo, pode ser temerário investir em renda variável. Quer um exemplo…
Imagine que você esteja pensando em investir um dinheiro que você havia guardado por conta da instabilidade que vem enfrentando no seu emprego. Se você investir esse dinheiro em renda variável, pode experimentar grandes perdas em um curto espaço de tempo. Nesse caso, terá que esperar um tempo para ver o dinheiro se recuperar. Só que, como você pode perder o emprego a qualquer momento, não faz sentido correr esse risco.
Horizonte de tempo – por último, lembre-se do horizonte de tempo para cada objetivo, por exemplo, para os objetivos de aposentadoria, caso você tenha um período longo pela frente, poderá correr mais riscos em seus investimentos, pois uma queda poderá ser revertida em alguns anos, mas se for para comprar sua casa própria daqui a dois anos, essa diminuição do seu patrimônio pode ainda não ter sido recuperada nesse prazo.
Em casos assim, o melhor a fazer é continuar direcionando o dinheiro para investimentos de alta liquidez e baixo risco. É melhor ficar na renda fixa. Por menor que seja a rentabilidade, ela continua tendo liquidez e é mais segura.
Visto isso, posso listar ao menos cinco situações em que a renda fixa continuaria sendo essencial. Vamos a elas…
Investir em Renda Fixa: 3 situações recomendadas
Segue uma breve lista de situações em que investir em renda fixa continua sendo uma boa ideia:
- Reserva de Emergências – se o dinheiro é para lidar com incertezas de curto prazo, como nos exemplos que citei, o melhor a fazer é optar por mais segurança e liquidez. Nunca se sabe o dia de amanhã e, se você vier a precisar da grana, ela precisa estar rapidamente disponível para você e sem uma perda significativa em seu valor.
- Dinheiro para o curto prazo – se o dinheiro tem um objetivo de curto prazo, também se recomenda a renda fixa. Se, por exemplo, você pretende usar o dinheiro em uma viagem que ocorrerá em 2 meses, faz sentido investir em renda variável e correr o risco de não ter mais o valor aportado disponível até a data do embarque? Ou, se o dinheiro é o capital de giro da sua empresa, faz sentido correr o risco de perder parte do seu valor em renda variável ou mesmo num fundo multimercado? E se isso acontecer, como honrará os compromissos assumidos da empresa? Então… Não faça isso!
- Investidores próximos à aposentadoria – faltam 3 anos para você se aposentar e você juntou uma quantia bacana para ter uma aposentadoria tranquila. Será que vale a pena ficar manter o seu perfil arrojado com essa grana? Melhor já ir reduzindo o risco da sua carteira e alocar uma parte em renda fixa, pois logo você começará a desinvestir para complementar sua aposentadoria.
Por fim, recomendo a leitura do artigo que escrevi recentemente para a Exame, em resposta a um leitor que perguntou exatamente sobre investir em renda fixa em tempos de juros baixos – clique para ler agora. Vale a pena conferir!
Conforme expliquei no artigo: “Mesmo com a Selic mais baixa, os produtos de renda fixa conservadores continuam sendo importantes na carteira, pois além de garantirem a tranquilidade da reserva de emergência também servem como uma espécie de colchão de segurança da carteira, mantendo a sua rentabilidade mais estável em momentos de crise.”
E então? Já se decidiu? Vai investir em renda fixa mesmo com os juros mais baixos?