Há poucos dias, a Caixa Econômica Federal resolveu cortar radicalmente os juros do cheque especial, que passaram de 8,99% para 4,99% ao mês. Ainda não se sabe se outros bancos vão adotar a mesma linha, mas há sim uma expectativa de que isso venha a acontecer.
Embora esta taxa tenha caído bastante, esta modalidade de crédito continua sendo uma das com as maiores taxas de juros do mercado e pode provocar um estrago na vida financeira de uma pessoa que não saiba usá-la. Basta lembrar que 4.99% ao mês dá nada mais nada menos que 79,38% ao ano, o que quer dizer que uma dívida de R$ 1.000,00 hoje se transformará em uma dívida de R$ 1.793,80 em apenas 12 meses. E foi exatamente isso que ressaltei em uma entrevista que concedi para o artigo “O juro do cheque especial da Caixa Federal despencou, mas não te atira” da Giane Guerra, da GaúchaZH.
O mesmo assunto foi abordado em uma matéria do Jornal Extra, em que pontuei que “O cheque especial é para ser usado apenas por alguns dias. No melhor dos mundos, apenas nos dias de carência de juros. Em geral, os bancos dão dez dias (de isenção de taxas). E mesmo assim, há custo de IOF.”
O fato incontestável é que os juros do cheque especial continuam sendo um perigo para os endividados, especialmente para aqueles que consideram o limite do especial uma extensão do saldo de suas contas bancárias.
Nova modalidade de cobrança do cheque especial?
As novidades quanto ao cheque especial não param por aqui… O Jornal Valor Econômico revelou que o Banco Central está estudando uma possível cobrança de mensalidade para reduzir os juros do cheque especial. Essa mensalidade seria paga independente se o cliente utilizasse o limite ou não. Seria um valor cobrado mensalmente para que o limite fosse disponibilizado.
A notícia causou dúvidas e surpresa em muita gente. Vamos ter que aguardar mais alguns dias para que o Banco Central revele mais detalhes da possível medida. Por hora, o que podemos discutir são os efeitos colaterais da mesma… E acredite, tais efeitos podem ser bem interessantes e benéficos…
Como já disse anteriormente, muita gente considera que o limite do cheque especial faz parte do saldo da sua conta bancária. Há também aqueles que o consideram parte do seu salário. Isso ocorre por conta da facilidade de acesso a este tipo de crédito. Ele está ali, pré-aprovado e disponível para uso imediato.
A ciência das finanças comportamentais nos ensina que esta mesma facilidade fomenta o uso indevido e irracional do crédito, o que pode gerar grande desequilíbrio financeiro na vida de uma pessoa.
A cobrança de uma mensalidade deverá contribuir para o despertar da racionalidade de muita gente, tornando o cheque especial algo mais perceptível e consciente para essas pessoas. É até possível prever que muita gente não irá mais se interessar pela modalidade, sob o argumento de não querer se comprometer a pagar a mensalidade estudada pelo Banco Central, ainda que os juros terminem bem menores que os praticados pelo mercado atualmente.
E, como a pessoa não terá mais o limite, precisará se controlar melhor para não gastar além da sua renda mensal. Uma ótima maneira de organizar suas finanças.
E você, o que achou da novidade da mensalidade do cheque especial?