Mas, afinal, o que é inflação? Embora as informações sobre a inflação sejam divulgadas na mídia de forma recorrente, muita gente não sabe o que elas significam. Muitas pessoas desconhecem o impacto direto da inflação em suas vidas, sobretudo no que se refere ao poder de compra. Esta falta de conhecimento acaba reduzindo a possibilidade de reação destas pessoas, que terminam sofrendo mais com a alta dos preços.
A seguir, vamos compreender melhor sobre esse conceito, como isso impacta nosso poder de compra e, o que é ainda melhor, como é possível proteger-se dela…
O que é e como calcular a inflação?
Para podermos calcular como os preços estão subindo ou caindo, ou seja, a inflação, primeiro precisamos de uma cesta de produtos para comparar seus preços de um período a outro.
E como é definida esta cesta de produtos?
Com base em uma pesquisa (Pesquisa Orçamentária Familiar – POF) periódica nas casas de famílias que recebem entre 1 e 40 salários mínimos (no caso do IPCA, por exemplo), verifica-se quais os produtos e serviços que são consumidos por estas famílias. Com base nisso, elabora-se a cesta de bens e serviços – que entrarão no cálculo da inflação – e seus respectivos percentuais no consumo total.
Depois, são efetuadas coletas de preços destes produtos em vários estabelecimentos comerciais, com a finalidade de comparar os valores do mês corrente com os do mês anterior. Isso permite calcular os percentuais de aumento ou de queda de cada um dos ítens.
Por fim, é feita uma média ponderada, considerando o peso de cada produto na cesta total, o que torna possível descobrir o percentual médio do aumento ou da diminuição dos preços. A esta média chamamos de inflação. Ficou mais fácil agora entender o que é inflação?
Mas… Por que algumas vezes achamos que a inflação na prática está maior do que aquela calculada pelos índices divulgados? Por que parece que nosso poder de compra está ficando cada vez menor?
A inflação divulgada e a “minha” inflação
A inflação afeta cada família de um modo diferente. Devemos lembrar que cada um tem a sua própria cesta de bens e serviços consumidos e em proporções individualizadas. Assim sendo, cada família deveria ter o seu próprio cálculo da inflação, considerando esta sua cesta de produtos e serviços e como cada um deles pesa em relação ao gasto total.
Como fazer isso não seria muito prático, utilizamos os índices de preços que funcionam como uma simulação do percentual médio do aumento dos preços da economia.
Por exemplo, como eu não fumo, se o preço do cigarro aumenta, isso irá acarretar em um aumento do IPCA, porém em nada irá impactar a minha vida. Ou, seja, o aumento do valor do cigarro fará diferença no IPCA, mas não na “minha” inflação. Pois cigarro não está na minha cesta de consumo.
Mas, se o aumento for do chocolate (adoro chocolate!), aí sim, vai impactar bastante a “minha” inflação….
Além disso, existe o efeito substituição, que faz com que haja uma diminuição no consumo daqueles produtos que ficaram mais caros e que esses produtos sejam trocados por outros similares. Por exemplo, se a carne sobre muito de preço podemos trocar o seu consumo pelo frango, e dessa forma, o peso da carne no total de gastos da minha família cai, mas nos índices de inflação essa diferença no peso de consumo só seria percebida numa próxima pesquisa entre as famílias.
A perda do poder de compra e a poupança
Como se não bastasse, no ano de 2015 ainda houve um agravante em relação à perda do poder de compra devido à inflação: nem a poupança, que é o investimento mais popular no Brasil, conseguiu compensar este aumento do custo de vida, pois rendeu apenas 8,15%, enquanto a inflação medida pelo IPCA nesse ano foi de 10,67%. Em outras palavras, o dinheiro que você aplicou na poupança no início de 2015, hoje não seria capaz de comprar a mesma quantidade de produtos que compraria naquela época. Houve, efetivamente, uma perda do poder de compra para aqueles que investiram seu dinheiro na poupança.
Para exemplificar, se eu comprasse 100 bananas com R$ 100,00 no final de 2014 e tendo sido a inflação de 2015 de 10,67%, eu precisaria de R$ 110,67 no final de 2015 para comprar as mesmas bananas. Mas, se eu tivesse investido meu dinheiro na poupança, eu teria apenas R$ 108,15. Neste caso, eu não conseguiria no final de 2015 comprar as mesmas 100 bananas que eu comprava no final de 2014. Entendeu agora como a inflação pode impactar seu poder de compra?
Por outro lado, se nesse período eu tivesse uma rentabilidade de 15% em meus investimentos, eu teria R$ 115,00 no final do ano passado. Então, eu poderia comprar 103 bananas gastando R$ 113,99 e sobraria um troquinho de R$ 1,01 . Essas 3 bananas a mais que eu comprei de um ano para outro, e mais o meu troco, indicam que houve um aumento no meu poder de compra.
Com tudo o que vimos até aqui, percebemos que é preciso saber o que é inflação para compreender o seu impacto no nosso poder de compra e poder reagir à variação de preços. Um caminho interessante para se proteger é procurar diversificar os seus investimentos, alocando o seu dinheiro em produtos financeiros que consigam, de preferência, superar a inflação. Os títulos do Tesouro Direto, por exemplo, podem ser uma boa opção.