Ícone do site Leticia Camargo

Perguntas e Respostas sobre finanças pessoais!

Recentemente fiz uma live no Facebook com Giane Guerra, colunista da Rádio Gaúcha. Conversamos sobre temas de altíssima relevância a respeito das perguntas e respostas sobre finanças pessoais e gostaria de compartilhar o vídeo da transmissão!

Segue o texto adaptado deste bate-papo:

Giane Guerra – Sobre a Poupança… Estamos no Brasil em um momento de redução da taxa básica de juros e isso mexe muito com a rentabilidade dos investimentos. Muitos investidores estão tendo que sair da sua zona de conforto, zona de conforto que tiveram nos últimos anos, com taxas maiores. Isso vem influenciando a poupança que, embora venha perdendo rentabilidade, vem se tornando mais competitiva, quando comparada a outros investimentos. A poupança pode ser encarada como investimento?

Eu – Quando a SELIC atinge um patamar abaixo de 8,5% ao ano, ela dispara um gatilho que muda a fórmula utilizada para calcular a remuneração da nova poupança, aquela em que os depósitos foram efetuados a partir de 4 de maio de 2012. Ela deixa de render TR + 0,5% ao mês (o que daria 6,17% ao ano + TR), e passa a render 70% da taxa SELIC + TR. A poupança antiga, para depósitos até 03 de maio de 2012, sempre mantém a rentabilidade de TR + 0,5% ao mês.

No ano passado, a TR ficou próxima a 2% ao ano, mas quando a taxa de juros básica fica abaixo de 8,5%, a TR tende a render perto de 0% (zero por cento). Assim sendo, a rentabilidade da poupança passa a ser de aproximadamente 70% da SELIC, enquanto a taxa SELIC se mantiver abaixo de 8,5% ao ano.

Quando comparamos esta nova rentabilidade da poupança com a rentabilidade de fundos de investimento com taxas de administração na casa de 1% ou até de 0,8% para investimentos de prazo de 6 meses a um ano, a rentabilidade da poupança já é melhor. Isso ocorre porque não podemos nos esquecer que a poupança é isenta de Imposto de Renda, e os fundos de investimentos neste caso têm IR de 22,5% e 20% respectivamente, dependendo do prazo.

Com isso, mesmo com uma taxa de administração de 0,8%, o fundo acaba perdendo competitividade quando comparado à poupança. Nesse novo cenário, para que o fundo compense para aplicações de até um ano, a taxa de administração teria que ser de 0,5%.

 

Giane Guerra – Tem alguma orientação em relação a quantia a ser colocada na poupança?

Eu  – A poupança é um investimento bastante conservador. Para esse tido de investimento, o ideal é que o investidor aloque de 3 a 12 vezes a sua despesa mensal, que é justamente a sua reserva de emergências.

Esta quantidade varia muito de pessoa para pessoa. Digamos que você seja um funcionário público, por exemplo… Em casos assim, o risco de não receber é menor do que o risco de uma pessoa que é empresária ou profissional liberal. Quanto maior for o risco de variação na renda mensal, maior deverá ser a reserva de emergências.

 

Giane Guerra – Atualmente, quais são as taxas de administração aceitáveis?

Eu  – Para um fundo DI, que é um fundo bem conservador, a taxa deve ser de até 0,5%.

Não é fácil encontrar essa taxa no mercado atualmente, mas é possível encontrá-la em plataformas de corretoras nos fundos de gestoras independentes. É possível encontrar taxas de até 0,35%, por exemplo.

Outra opção seria o Tesouro Selic, já que a taxa que a B3 (antiga BMF&Bovespa) cobra é de 0,30% e teria ainda a taxa da corretora, mas muitas delas não cobram nada de custódia.

 

Giane Guerra – citando a pergunta de um ouvinte – qual dos dois vale mais Tesouro Direto ou Poupança?

Eu  – O Tesouro Direto não é um tipo de investimento, é uma plataforma na qual as pessoas podem aplicar em títulos públicos. Dentro do Tesouro Direto existem 3 tipos de investimentos:

Ao comparar a poupança com o Tesouro Direto, podemos optar pelo Tesouro SELIC. Se for possível encontrar uma corretora que não cobre nada de custódia, restará somente a taxa de 0,3% da Bolsa de Valores. Nesse caso, o Tesouro SELIC ficaria mais interessante do que a poupança.

 

Giane Guerra – citando a pergunta de um ouvinte – os consórcios, em alguma situação, são uma opção?

Eu  – Eu gosto dos consórcios em duas ocasiões:

A primeira situação é a daquela pessoa que não consegue juntar dinheiro de modo algum, a não ser que ela tenha um boleto para pagar. Trata-se de uma questão comportamental e não racional, já que racionalmente sempre será melhor juntar o dinheiro e aplicá-lo, para depois comprar o bem à vista, com a possibilidade de negociar um bom desconto.

A segunda situação decorre da constatação de que o consórcio é uma opção mais barata, em geral, do que o financiamento. Se a pessoa já tem um carro, por exemplo, e não precisa de um novo automóvel imediatamente, pode optar pelo consórcio no lugar do financiamento.

 

Giane Guerra – citando a pergunta de um ouvinte – no caso de um financiamento imobiliário: sempre é melhor quitar com antecedência ou existe algum caso em que adiantar o pagamento pode não ser uma boa?

Eu – Na maioria das vezes compensa pagar adiantado sim, já que as taxas de empréstimos costumam ser mais altas do que os juros dos investimentos, mas é sempre interessante comparar as taxas de juros do financiamento com as taxas que se poderia obter alocando estes recursos em um investimento, como no caso do Tesouro SELIC, por exemplo.

 

Giane Guerra – Com o atual cenário de redução de juros, os seus clientes têm conseguido renegociar as taxas de juros que foram praticadas quando a taxa SELIC ainda estava elevada?

Eu  – Esta negociação nos bancos não costuma ser trivial. Existe também a portabilidade, que permite a transferência da dívida de um banco para outro. Mas, normalmente não se consegue facilmente esta renegociação ou portabilidade quando se está em dia com as parcelas.

Outro dia houve um acordo na FEBRABAN para que os bancos começassem a facilitar essa renegociação, mesmo para aquelas pessoas que estavam adimplentes. Mas, não sabemos ainda se isto vai valer na prática….

Para as pessoas que estão em atraso, a renegociação é mais fácil. Já tive um cliente que perdeu o emprego e mostrou ao banco a carteira de trabalho com a rescisão, o que terminou ajudando a renegociação.

Eu indico sempre o site consumidor.gov.br, que é um site do PROCON que tem o intuito de intermediar esses acordos entre o consumidor e o banco. Temos conseguido algum sucesso por esta via, mas sobretudo nos casos de pessoas já no estágio de inadimplência.

No Rio de Janeiro, também existe o NUDECON (Núcleo de Defesa do Consumidor), que também faz essa intermediação. Em São Paulo, é o PROCON-SP.

 

O que achou desse perguntas e respostas sobre finanças pessoais? Conseguiu tirar suas dúvidas?

Sair da versão mobile