Em outro artigo aqui do site, já alertei para o risco que as pessoas correm ao depender somente da Previdência Social, que deverá passar por reformas nos próximos anos para que consiga ter equilíbrio e possa se sustentar no longo prazo. Este tema foi abordado na matéria do O Globo “Previdência em xeque: contribuir para o INSS é obrigação e vale a pena para trabalhador” da série sobre aposentadoria para a qual contribuí nesta semana.
A reportagem explicita que a previdência social, pelas regras atuais é muito vantajosa, já que para ter direito à aposentadoria pelo salário mínimo, por exemplo, o valor que uma pessoa teria que contribuir na previdência privada seria muito maior do que aquele necessário pela previência social. Veja aqui no texto do O Globo as simulações efetuadas.
Frisei na entrevista que: “A gente não sabe o que pode mudar no futuro, mas, quando se considera as regras hoje, ainda faz muito sentido contribuir para a Previdência pública, principalmente quando se faz os cálculos. Vamos considerar, por exemplo, alguém que contribui por 30 anos com o correspondente a 20% do salário mínimo. Se aposentar com 65 anos e viver até os 95 anos ganhando um salário mínimo, [mesmo considerando os juros compostos] vai receber muito mais do que contribuiu — diz Leticia Camargo, planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).
Inclusive, embora muitos não saibam, o pagamento do INSS é obrigatório para todos aqueles que recebem renda: além dos trabalhadores assalariados, os profissionais liberais também devem pagar a previdência social.
Enquanto as incertezas sobre os destinos da Previdência Social crescem, o interesse das pessoas pelos fundos de previdência privada aumenta, até pelo fato de que estão se dando conta de que precisam fazer algo para proteger as suas aposentadorias.
Pensando nisso, neste artigo trago algumas respostas importantes para quem quer se preparar melhor e pensa em investir, ou já investe, em previdência privada.
Como escolher um plano de previdência privada?
Para escolher um plano de previdência privada você deverá identificar quais os tipos de benefícios de aposentadoria que estão disponíveis naquele plano, se possui renda vitalícia, por exemplo.
Um outro ítem a ser analisado é a Tábua Atuarial daquele plano, ou seja, qual a expectativa de vida para a qual o benefício de renda vitalícia será calculado. As tábuas mais antigas AT1983 estimavam uma expectativa de vida menor do que as mais atuais AT2000 ou a BR-EMS já que as pessoas estão vivendo cada vez mais.
Você ainda deve considerar se será mais adequado um PGBL ou VGBL e qual a melhor tributação entre a Progressiva ou a Regressiva. Veja estes artigos abaixo que poderão lhe ajudar nestas escolhas:
Só existe um único tipo de fundo de previdência privada?
Previdência não é um único tipo de investimento e, da mesma forma que existem vários tipos de fundos de investimento, também existem vários tipos de fundos de previdência.
Especificamente no que se refere à previdência privada, é sempre bom frisar que existem fundos mais conservadores, que trabalham apenas com renda fixa pós-fixada, do mesmo modo que existem os mais arrojados, que podem investir em ações. Por conta disso, é muito importante entender qual é o seu perfil de investidor e adequar estes fundos de previdência ao seu perfil.
Algumas vezes, converso com clientes que, ao informarem sobre os seus investimentos, falam que têm: Tesouro Direto, fundos de investimento e previdência. Mas repare que esta breve lista pouco define qual o tipo de risco que este investidor está correndo, pois não foram especificadas quais são as classes dos ativos que ele possui.
Ele pode ter, por exemplo, Tesouro Direto pós-fixado, prefixado e/ou indexado à inflação. Em fundos de investimento, pode ter DI, multimercado e ações ou ainda fundos imobiliários. Em previdência, ele pode ter investimentos em várias classes de ativos também. É daí que vem a necessidade de melhor especificar cada um dos investimentos para que se possa fazer uma análise mais adequada da situação de cada um a a devida adequação ao seu perfil de investidor.
A primeira ação para escolher um fundo previdenciário deve ser a de procurar aquele com baixas taxas de carregamento e baixas taxas de administração. Inclusive, atualmente, já existem fundos de previdência bem competitivos de gestores independentes disponíveis para o público em geral.
Estes mesmos gestores de boas casas de investimento independentes, costumam disponibilizar para o público por meio das seguradoras fundos de previdência com as mesmas políticas de investimento dos fundos de investimento tradicionais, o que significa que aquela velha ideia de que previdência privada tende a render pouco já é coisa do passado.
Sua previdência privada está alinhada à evolução de sua carreira?
Algumas vezes a pessoa inicia a previdência privada quando começa a trabalhar e é recém-formada, por exemplo. O mais comum é que esta pessoa faça uma simulação de quanto deve contribuir para que consiga chegar à aposentadoria mantendo o mesmo valor que ela tem de remuneração no início da carreira.
Porém, o que frequentemente ocorre é que, com o tempo, ela vai ganhando experiência no trabalho e vai progredindo na profissão, o que culmina em salários ou ganhos cada vez maiores. Só que, muitas vezes, ela simplesmente se esquece de alinhar o seu plano de previdência privada a esta nova realidade e continua fazendo os aportes proporcionais à estimativa que ela fez no início da carreira.
Com isso, por mais que os planos atualizem o valor dos aportes anualmente utilizando índices de inflação como o IPCA, provavelmente essas atualizações não estarão alinhadas ao crescimento da remuneração profissional desta pessoa, o que termina resultando em um descasamento de valores que mais a frente podem culminar em uma aposentadoria insuficiente para manter o padrão de vida mais elevado ao fim da carreira. É preciso ter cuidado com isso para evitar decepções e surpresas desagradáveis quando a idade de se aposentar chegar.
Falando especificamente sobre o cálculo que as pessoas costumam fazer para saber quanto precisarão na aposentadoria, também contribuí para outro artigo dessa mesma série sobre previdência do O Globo: “Há algum tempo, costumava-se dizer que os gastos no momento da aposentadoria corresponderiam a cerca de 70% a 80% do que aqueles que as pessoas tinham antes de se aposentar. Mas o perfil está mudando: o aposentado não fica mais de chinelo em casa vendo televisão, também tem vida social e despesas com isso — diz Leticia Camargo, planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).”
Veja a matéria completa: “Calcule quanto precisa depositar em um plano de previdência para garantir sua aposentadoria”.
E então? Você já tinha pensado nestas três questões que apresentei neste artigo? Espero ter ajudado e contribuído para que você possa tomar uma decisão de melhor qualidade em suas escolhas de previdência privada.