Pretendo começar a contribuir para um plano de previdência privada e gostaria de saber qual a melhor opção. (A.P.)
Começar a poupar com disciplina é o primeiro passo para uma vida financeira saudável. É incrível como a maioria dos brasileiros só pensa no consumo imediato. O sucesso profissional e pessoal é medido pelos bens que o sujeito ostenta: carro do ano, bolsa de grife ou cobertura de frente para o mar. Na realidade, o que importa mesmo é viver em paz num padrão de vida que caiba dentro do seu orçamento. E melhor ainda se você conseguir poupar para garantir um futuro tranquilo.
Para que você aproveite integralmente os benefícios proporcionados pelos planos de previdência privada, deve avaliar as situações a seguir:
Caso efetue sua Declaração de Imposto de Renda pelo Modelo Completo e seja assalariado, o ideal seria efetuar contribuições em um PGBL. Sendo que estas contribuições somadas não devem ultrapassar 12% de sua renda bruta anual. Ao contribuir para um PGBL, este valor aplicado será diminuído da base de cálculo do seu IR na Declaração Anual e você pagará menos imposto. Porém, no caso do PGBL, o imposto incidirá sobre o volume total sacado. Por isso, se o valor que você consegue poupar for maior do que 12% de sua renda, aplique a diferença em um VGBL. Nesta modalidade, o imposto cobrado no resgate incide apenas sobre a rentabilidade obtida.
A segunda situação é no caso de sua declaração ser efetuada pelo Modelo Simplificado. Não vale a pena aplicar em um PGBL, pois não haverá nenhum benefício tributário, você deverá aplicar tudo em um VGBL.
Procure um plano cuja rentabilidade esteja atrelada ao IPCA. Pelo fato de ser um índice que mede a inflação, a rentabilidade deste plano vai garantir a atualização do seu dinheiro e, melhor ainda, acrescida de uma taxa de juros real acima da inflação. É preciso analisar os planos que estão disponíveis no mercado, verificando o histórico do gestor, a taxa de administração e a de carregamento. Opte pelo que tiver a menor taxa de administração e, se possível, não possua taxa de carregamento.
Você ainda deverá definir se a Tabela de Imposto de Renda escolhida será a Regressiva ou a Progressiva. Na Regressiva, o imposto vai diminuindo com o passar do tempo, iniciando em 35% nos dois primeiros anos e chegando a 10% ao final do décimo ano. Opte pela Regressiva, se você acredita que não precisará deste dinheiro antes de 10 anos já que o imposto no final será bem menor. Na Progressiva, o imposto depende do montante do resgate, quanto maior o valor resgatado, maior o percentual que será cobrado de imposto. Esta segunda Tabela é a mesma do imposto que pagamos ao receber nosso salário. Caso você possua muitos gastos dedutíveis, opte por essa Tabela, pois o imposto da previdência pode ser compensado por estes gastos na Declaração Anual.
Por último, é preciso informar os beneficiários e o percentual que caberá a cada um, em caso de falecimento. E aqui um plano de previdência privada passa a ser um importante veículo de Planejamento Sucessório na medida em que este montante não tem imposto de transmissão, não entra no inventário e fica disponível em apenas alguns dias. Caso você consiga juntar pelo menos 4% de seu patrimônio, este recurso pode ser usado pelos seus herdeiros para pagar o imposto de transferência dos outros bens. Este é o percentual do ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) no Rio de Janeiro. Verifique qual o percentual no local onde você mora.
Publicado na coluna Consultório Financeiro do Valor Econômico em 09/01/2012: