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Rebalanceamento dos investimentos: mantenha sua carteira de investimentos sempre adequada

Imagina que você investiu de forma diversificada há algum tempo e não fez mais nenhum aporte e nenhum resgate. Depois destes anos todos, você resolve olhar seus extratos para saber como andam seus investimentos. Será que a composição deles continuaria adequada depois de tanto tempo?

Provavelmente não, pois seus ativos devem ter apresentado rentabilidades diferentes entre si e sua carteira deve estar desbalanceada em relação à alocação inicial….

Será que é possível seguir respeitando o seu perfil de investidor ao longo dos anos, evitando que sua carteira tenha mais ou menos risco do que gostaria?

Neste artigo, vou explicar o funcionamento de um método simples de rebalanceamento dos investimentos, que lhe será muito útil. Vamos lá…

 

Rebalanceamento dos investimentos

O rebalanceamento dos investimentos nada mais é do que o ajuste da carteira de investimentos para recompor a sua configuração original em termos de percentuais destinados aos diferentes tipos de investimentos. Deixe-me explicar como funciona…

Vamos imaginar que você é um investidor com um perfil moderado. Por conta disso, especialistas analisaram seu perfil de risco, seus objetivos e horizonte de investimento e sugeriram que você alocasse 80% do valor que tinha disponível em renda fixa e 20% em ações.

Considerando, a título de exemplo, que você tinha R$ 100.000,00, então, R$ 80.000,00 (80%) foram aplicados no Tesouro SELIC (LFT) e R$ 20.000,00 (20%) foram aplicados em fundos de ações.

Ocorre que alguns anos se passaram desde que você fez essa alocação inicial e, somente agora, você resolveu dar uma olhada para saber como estavam seus investimentos. Prosseguindo com esta simulação, você descobriu que havia obtido um rendimento de 70% com os seus títulos do Tesouro Direto e uma valorização surpreendente de 400% em suas cotas do fundo de ações.

Com tais ganhos, agora você tem R$ 136.000,00 em renda fixa e R$ 100.000,00 em ações, totalizando R$ 236.000,00. Isso significa que a proporção originalmente sugerida foi alterada: o que era 80% x 20%, passou a ser aproximadamente 58% x 42%.

Diante desta nova proporção, você procurou novamente um especialista que recomendou que você rebalanceasse a sua carteira de investimentos, para que ela voltasse a se alinhar ao seu perfil, com 80% investidos em renda fixa e 20% em ações. Basicamente, para que isso fosse feito, você teria que resgatar parte das suas cotas nos fundos de ações e direcionar estes recursos para a compra de mais títulos do Tesouro.

Porém, você estava empolgado com os resultados das ações e decidiu, por sua conta e risco, manter a sua carteira de investimentos exatamente como estava…

Só que você não sabia que uma crise estava por vir e que ela derrubaria a bolsa. As suas cotas do fundo de ações foram severamente afetadas, com perda de 70% em seu valor.

Com base nesse novo cenário, agora você passou a ter apenas R$ 30.000 em ações, mas manteve os mesmos R$ 136.000,00 em renda fixa, totalizando R$ 166.000,00 em investimentos, ou seja, R$ 70.000,00 a menos do que tinha anteriormente (perda de quase 30%).

Mas, e se você tivesse seguido a recomendação do especialista e tivesse efetuado o rebalanceamento, respeitando o seu perfil de investidor?

Se você tivesse seguido as orientações em relação aos R$ 236.000,00 que tinha antes da crise, teria resgatado R$ 52.800 do seu fundo de ações (sem considerar impostos, para facilitar as contas) e comprado mais títulos do Tesouro com este montante, ficando com R$ 188.800,00 (80%) em renda fixa e R$ 47.200,00 (20%) em ações.

Isso não lhe tornaria imune à crise que veio depois e, do mesmo modo, suas ações perderiam 70% do valor… Só que, desta vez, você teria menos dinheiro aplicado nos fundos de ações, o que significa que a sua perda em Reais seria menor. Com a crise, agora você teria R$ 14.160,00 em ações e os mesmos R$188.800,00 em renda fixa, totalizando R$ 202.960,00.

Repare que, com o rebalanceamento dos investimentos, você acabaria sentindo bem menos a crise do que se não tivesse efetuado este ajuste. Ao invés de perder quase 30% do valor que chegou a ter, você teria perdido apenas 14%.

Como se não bastasse, o rebalanceamento ainda traz outras vantagens que citei no meu artigo desse mês na Revista Em Condomínios (clique aqui para ler):

“Se o rebalanceamento for efetuado com alguma frequência, você irá vender seus ativos na alta e comprá-los na baixa. Exemplo: se a sua fatia em ações diminuir para 15%, isso significa que elas ficaram relativamente mais baratas em relação aos demais investimentos. Ao rebalancear sua carteira, você estará comprando ações baratas e voltará aos 20% em ações iniciais. Por outro lado, se o percentual em ações estiver acima do ideal, é porque as suas ações subiram mais do que seus outros ativos e, portanto, estão caras. Melhor vendê-las para ajustar o portfólio!”

E então? Que tal trabalhar no rebalanceamento dos seus investimentos?

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