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Reserva é fundamental para lidar com o inesperado

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Pergunta do leitor do Valor Econômico:

Por motivo de doença na família tive um descontrole financeiro e estou há dois meses pagando o mínimo do cartão de crédito. Não possuo mais investimentos e, com minhas entradas, consigo pagar o financiamento do meu carro e minhas despesas mensais correntes. Vale a pena vender meu carro?

Leticia Camargo, CFP, responde:

Seu momento é mais comum do que pensa e há muitos como você que viram suas vidas afetadas por reviravoltas surpreendentes. Assim, a primeira e mais importante dica é: respire fundo, planeje-se e acredite que essa fase irá passar.

Tenho visto muitas pessoas sem conseguir pagar as contas regularmente, os endividados crônicos. Elas provavelmente vivem em um padrão de vida acima de suas possibilidades. Sei que esse não é o seu caso, mas, além do planejamento para que suas despesas não ultrapassem as receitas, é muito importante constituir uma reserva de emergência.

É necessário estar preparado para os imprevistos procurando mitigar o risco de que este descontrole ocorra novamente. A melhor forma de se prevenir é poupar todo mês um pouco e procurar juntar, no mínimo, seis vezes seus gastos mensais. Os recursos deverão ser aplicados em produtos conservadores (de baixo risco) e com boa liquidez (ou seja, que possam ser transformados em dinheiro rapidamente sem perda significativa de valor).

Também é relevante analisar a possibilidade de sua família aderir a um plano de saúde, para evitar que outros problemas desta natureza causem um novo desequilíbrio no seu orçamento familiar. E, com o passar do tempo, quanto mais idosas as pessoas vão ficando, a probabilidade de ter que recorrer ao plano é cada vez maior.

Bem, dito tudo isso, a primeira atitude a ser tomada agora, é estancar a sangria dos altos juros do rotativo do cartão de crédito: eles são um dos mais altos que existem! Sugiro que você procure no seu banco uma outra linha de crédito com taxas mais baixas, como o consignado ou o empréstimo pessoal, e quite o total da sua fatura urgentemente. Uma outra possibilidade é contratar o parcelamento deste valor com sua administradora do cartão. Sempre procurando as menores taxas de juros.

Para escolher a taxa mais em conta, sempre compare o custo efetivo total (CET). Nesse percentual estão incluídos, além dos juros propriamente ditos, todas as taxas administrativas e impostos inerentes ao empréstimo também.

Agora, mais do que nunca, será importante um maior controle e planejamento de suas finanças. Comece a anotar todas as suas receitas e despesas mensais em uma planilha e invista um tempo para analisá-la. Com base nisto, será mais fácil ajustar as contas. Aproveite para cortar os desperdícios, limitar os supérfluos e economizar nas despesas básicas. Ou seja, você realmente precisa rever como está vivendo e aprimorar a forma como está gastando seu dinheiro.

Se mesmo depois de tomar todas estas atitudes, você ainda não estiver conseguindo fechar suas contas no azul, a melhor solução será vender seu carro. Com o dinheiro arrecadado, quite o financiamento, se possível. Com a folga no orçamento devido à quitação das parcelas do automóvel, vá abatendo os valores dos empréstimos contraídos.

Este é um momento difícil, mas tenho certeza de que depois de tudo acertado você estará muito mais forte para um novo recomeço.

Artigo publicado originalmente na Coluna Consultório Financeiro do Valor Econômico em 01 de setembro de 2014:

 

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